sábado, 12 de junho de 2021

Karol Conká volta às redes sociais após eliminação do ‘BBB21’: ‘’Precisava cuidar de mim’’

 Embora as celebridades estejam mais sujeitas a serem canceladas, pessoas comuns não estão blindadas; saiba como lidar com o fenômeno que pode colocar em risco até a saúde mental da vítima


Karol Conká posa em nova fase de sua carreira
Imagem: wpp.todateen.com.br

Por: Raphaella Leandro
Fonte: uol.com.br
extra.com.br
Em: 26.04.21


Karol Conká finalmente voltou às redes sociais após seu sumiço pelo cancelamento que sofreu na internet. Dias antes do lançamento de seu documentário, ‘A Vida Depois do Tombo’, a cantora usou sua conta oficial no Twitter para fazer um desabafo e conversar com os seguidores. “Oi, pessoal. Não apareci muito por aqui, porque entendi que precisava me afastar um pouco das redes e cuidar de mim”, começou escrevendo.
A cantora ainda fez uma breve reflexão sobre os ataques que pessoas ‘canceladas’ sofrem na internet: “Vejo o documentário como uma oportunidade, em tempos de cancelamento, de relembrar que somos muito mais complexos do que um reality show é capaz de mostrar”.



ARREPENDIMENTO

Karol Conká tem se privado um pouco da web para se recuperar de tudo que aconteceu desde que saiu do ‘BBB’. Vale lembrar que em sua participação no ‘Domingão do Faustão’, ela se mostrou arrependida por suas atitudes e ainda pediu compaixão do público: “Vejo que eu errei, mas não posso me reduzir a 30 dias em um confinamento. Estou muito arrependida e sinto muito remorso, sim. As pessoas não sabem o que eu tive que passar para ser essa rocha. Então, da mesma forma que o público repudiou minha atitude, eles não precisavam ser tão ásperos assim”, finalizou.

DOCUMENTÁRIO

A TV Globo finalmente anunciou a data de lançamento do documentário exclusivo sobre a ex-BBB Karol Conká. Desde que foi eliminada com a maior taxa de rejeição da história do reality, a emissora tem fornecido um grande apoio e incentivo para a cantora se reerguer. A série e participação da moça nos programas ‘Fantástico’ e ‘Domingão do Faustão’ foram de extrema importância para aliviar a imagem de Conká fora da casa.
A ideia principal do documentário é narrar a trajetória de ascensão e queda da estrela - que agora sofre com constantes ataques virtuais. Sendo produzido exclusivamente pelo GloboPlay,A Vida Depois do Tombo’ deverá chegar na plataforma de streaming em 29 de abril. 
Na ocasião do anúncio, pudemos sentir um spoiler do que vem por aí. A voz da cantora alertou: “Depois do tombo a gente faz o que? A gente levanta”. O nome do título faz referência à música de maior sucesso da cantora “Tombei” e relaciona-se ao cancelamento que ela sofreu desde sua saída polêmica do ‘BBB21’. A Vida Depois do Tombo” desbancou até novelas badaladas
A estreia do documentário de Karol Conká gerou bastante repercussão, sobretudo nas redes sociais. Muitas pessoas ficaram interessadas em conferir A audiência diária é tão alta que bateu até novelas badaladas, como A Dona do Pedaço. A trama estava na liderança com seu último capítulo, com acessos em 23 de novembro de 2019, um dia após o final. Além disso o documentário bombou nas pesquisas. As buscas só não foram maiores que o BBB.
Com o documentário, a Globo pretende mostrar toda a turbulência vivida por Karol após a eliminação do programa, com a maior porcentagem de rejeição de todas as edições. Ao todo, são quatro episódios, totalizando uma produção de quase duas horas..
Além de ter sido vigiada 24 horas por dia durante o tempo em que ficou no programa, assim que chegou no hotel, na noite da eliminação, já estava sendo aguardada por uma equipe de câmera e repórter. Mas o que ela precisava era de tempo. As gravações acompanharam os primeiros momentos e sensações que a artista viveu após a eliminação e como lido com a rejeição do programa. O desenrolar disso, a reflexão sobre o que ocorreu na casa e as consequências resultaram no documentário A vida depois do tombo.
Mesmo mostrando explicitamente a postura dela como vilã, vale destacar que o documentário não tenta limpar a imagem de Karol, mas sim humanizá-la. Tudo isso ocorre com respeito a todas as partes envolvidas. Participaram a mãe e o filho da cantora, que sofreram ameaças de morte, o ex-marido, empresários, ex-colegas e amigos.
Eles contaram da relação com Conká nos mais diferentes níveis, apresentando que ela é uma mulher como qualquer outra. Ou seja, que trabalha, que cuida da família, que fica feliz, triste, irritada e que, sobretudo, tem momentos de explosão. Obviamente que absolutamente nada justifica o tratamento que ela deu a alguns brothers.
. O momento mais aguardado foi a participação de Lucas Penteado para uma conversa olho no olho com a Mamacita. Ele foi o único a concordar em participar (Arcrebiano e Carla Diaz negaram), mas no dia desistiu e enviou apenas um vídeo falando sobre perdão. A única que esteve presencialmente foi Lumena, aliada da rapper no jogo. Em segundo lugar, um momento forte e emocionante foi quando o assunto do alcoolismo do pai veio à tona. 


Documentário “A Vida Depois do Tombo”
Imagem: meiahora.com.br

. Entretanto, o documentário perdeu a chance de explorar mais o assunto e entender os motivos que levaram a artista a relacioná-los com a personalidade de Lucas Penteado, já que ela mesma afirmou que algumas atitudes se assemelhavam.
Em suma, os quatro episódios não deram espaço para uma face mais sensível de Karol, que inclusive poderia ser importante para a crise de imagem. Eles ficam na superfície, mesmo tratando da superação da pobreza, machismo no rap e vida adulta. O que resta é uma Karol Conká pedindo desculpas repetidas vezes, que mostra arrependimento, choro, e sempre dizendo que voltaria atrás se pudesse fazer diferente.

UMA NOVA KAROL

No episódio 101 do programa, onde os participantes passam um dia inteiro na casa após a eliminação relembrando os melhores momentos e as fortes emoções que vivenciaram durante os 100 dias de temporada, Karol entrou na casa dizendo que era uma nova mulher, a mesma recordou as tretas e suas e emoções a flor da pele. A cantora relatou que ficou chocada com sua postura no jogo, principalmente com algum dos jogadores, Karol aproveitou da oportunidade do reencontro para conversar e se desculpar com os ex- colegas de confinamento pelo seu comportamento. Ela contou que foi alvo de diversas críticas nas redes sociais e que muito levou na descontração e na esportiva quando descobriu que alguma de suas falas viraram memes entre os internautas.. Mesmo diante de diversos acontecimentos polêmicos, o programa foi bem harmonioso


Ensaio para Marie Clarie
Imagem: revistamarieclarie.globo

DILÚVIO

A cantora recentemente lançou seu single chamado Dilúvio. Em suas redes sociais, Karol disse que gravou dilúvio como forma de deixar registrado o momento de reflexão que está passando após sua participação no programa e disse que sente-se libertada quando transforma seus sentimentos em arte. O clipe, que foi lançado logo depois do single, retrata a vulnerabilidade da cantora e seu processo de auto-reflexão. 


Capa música "Dilúvio"
Imagem: uol.com

A presença de um grande volume de água, representado por uma cachoeira, também chama a atenção. Como em um processo de purificação, Karol parece buscar remover qualquer impureza ou mágoa ao mergulhar nas águas, procurando fazer uma limpeza não só de seu corpo, mas de sua mente e espírito. Em outro trecho, ela aparece diante de um espelho, no qual encara a si própria e confronta outras representações dela mesma.


Imagens do clipe “Dilúvio”
Imagem:uol.com














Como superar um cancelamento do tribunal da internet?

Embora as celebridades estejam mais sujeitas a serem canceladas, pessoas comuns não estão blindadas; saiba como lidar com o fenômeno que pode colocar em risco até a saúde mental da vítima



Palavras positivas sobre saúde mental
Imagem: brocku.ca


Por: Raphaella Leandro
Fonte: jovempan.com.br
Em: 17.02.21

O cancelamento pode ser definido como um movimento coordenado nas redes sociais para atacar a reputação de alguém, cujos comportamentos ou opiniões são considerados inadequados por grupos de usuários. Os ataques são feitos por meio de ofensas, julgamentos de conduta e até ameaças, não só com quem cometeu o que julgam errado, mas com pessoas próximas, como família, companheiros de trabalho e amigos. E o que começa nas telas, pode ter desdobramentos gravíssimos na vida real. Além dos danos à imagem, a vítima de cancelamento também está sujeita a processos judiciais, encerramento de contratos e até demissão. Sem contar os riscos à saúde mental, com quadros de insônia, angústia, ansiedade, pânico e depressão. Especialistas esclarecem que, apesar da cultura do cancelamento ser uma forma de alertar sobre injustiças, na prática, acaba promovendo um linchamento virtual. E que, por isso, não deve ser usada como ferramenta de ajuste social. A ansiedade e a depressão estão em alta com a cultura do cancelamento, isso ocorre pelo fato da pessoa se sentir isolada e solitária, além, da sensação que todos desistiram dela antes mesmo que pudesse se desculpar ou corrigir seus erros. Outro fator é o suicídio, onde a abordagem neste nível de “cancelamento” gera eventos ou circunstâncias críticas que muitas das vezes são responsáveis pelos suicídios.

Veja abaixo, 4 Dicas de como devemos tratar os outros e não os cancelar o tempo todo nas redes sociais
- Permita que eles reconheçam seus erros e os corrija se necessário;
- Perdoe-os se eles se desculparem;
- Certifique-se de não ser aquela panela gritando, aquela chaleira, porque você também cometeu erros e teve permissão para viver sua vida;
- Não caia na cultura do cancelamento porque é a coisa mais popular a se fazer, saiba que ele cria mais espaços não saudáveis do que saudáveis para nós no mundo da mídia social.


Imagem referente s saúde mental
Imagem: 61brasilia.com

Esses são apenas alguns exemplos para evitar situações mais delicadas envolvendo os ‘cancelados’, muitas vezes não conseguimos nos colocar no lugar do outro e imaginar tudo o que ele está passando e tendo que enfrentar sendo ele figura pública ou não. O quanto esse tribunal virtual pode acabar fazendo com que as pessoas tomem atitudes drásticas para darem um fim nesse linchamento, nem que seja acabar com a própria vida. Diante da gravidade das consequências, a psiquiatra Camila Magalhães, que é colunista do site da Jovem Pan, explica que, para superar um cancelamento do tribunal da internet, é preciso, em primeiro lugar, ter consciência de que o escrutínio público não é parâmetro real de si mesmo. “Fui cancelado? Então é preciso parar e pensar o que causou a reação das pessoas. 
Se eu estiver errado, é importante rever o meu discurso como forma de melhorar, mudar de opinião. Se fui injustiçado, mantenho minhas convicções, ciente de que não preciso da aprovação geral e que o diálogo é sempre o melhor caminho. Precisamos tomar cuidado para não valorizar tanto o ambiente virtual e a opinião da massa. Existe vida além da internet”, esclarecemos um pouco do mundo virtual e fortalecer nossos vínculos com aqueles que estão próximos de nós e que conhecem nossa essência. Pessoas que conhecem nossos erros e valorizam nossos acertos. Afinal, são essas pessoas, essas relações verdadeiras, que nos fazem crescer”, acrescenta. Em relação aos aspectos jurídicos, advogados explicam que a maior dificuldade das vítimas em acionar a Justiça está em identificar quais os perfis que deram origem às reações coletivas. As mídias sociais geralmente não são responsabilizadas.


Imagem representativa de aplicativos de redes sociais
Imagem: commbox.bio

 Especialistas afirmam que a cultura do cancelamento gera impactos mentais tanto em quem é cancelado quando no cancelador.
— O cancelamento gera uma sensação de isolamento, e isso impacta a saúde mental. Nós somos seres sociais, não somos feitos para vivermos sozinhos. Nós demandamos muito amor e acolhimento, e perder isso gera um grande desespero. ver em um ambiente em que você pode ser cancelado, em que você tá sempre sendo julgado, é muito difícil, porque andamos como se tivéssemos pisando em ovos, a qualquer momento eu posso desagradar o outro. Então, é o outro que cancela o que eu posso fazer e o que eu não posso fazer Quanto mais importância a pessoa que é cancelada dá às opiniões dos outros, mais afetada pelo cancelamento ela será. Dependendo do erro que é apontado pelos demais, a pessoa começa a se questionar sobre sua própria personalidade e seu ponto de vista.
As especialistas apontam que é preciso tomar cuidado com a cultura do cancelamento, pois há casos em que o outro é cancelado apenas porque tem um ponto de vista diferente. E o cancelamento pode gerar inúmeros malefícios para alguém que apenas discordou de algo. 

Impactos mentais no cancelado:

Sensação de não pertencimento: a primeira reação gerada pelo cancelamento é a sensação de exclusão e de isolamento. Isso ocorre porque as pessoas começam a notar a queda no número de seguidores dando a ideia de se sentir sozinha em suas redes sociais.

Angústia: ler comentários negativos e o sentimento de impotência em não saber o que vem pela frente são grandes consequências do cancelado.

Ansiedade: em algumas pessoas, a angústia provocada pode gerar crises gravíssimas de ansiedade, deixando a vítima ainda mais preocupada com o seu futuro em relação ao que está acontecendo no seu presente.

Sintomas físicos: a ansiedade pode provocar sintomas físicos como falta de ar, palpitações, dores no peito, sensação de tremor, agitação, distúrbios, insônia, vômito, dor de cabeça e entre outros. Mudança na personalidade: após o cancelamento, há riscos da pessoa mudar sua personalidade completamente, inclusive pode passar a se tornar aos poucos antissocial ou deixando de participar das redes sociais, em casos mais graves, há até a possibilidade de um transtorno de personalidade. 

Impactos mentais no cancelador

Decepção: Ocorre principalmente se o cancelador gostava da pessoa que será cancelada, a atitude da pessoa não condizendo com o que esperavam dela pode gerar um grande desapontamento.

Raiva: a pessoa fica extremante magoada com a situação e acaba surgindo nela um sentimento de fúria e um desejo forte de punir a pessoa que errou.

Ânsia por punição: o linchamento e os comentários maldosos reprovando certa atitude e falando mal do cancelado, exigindo que o mesmo se posicione sobre o certo ocorrido, assim como no caso de figuras públicas, cobram o posicionamento das marcas e empresas para que cancelem campanhas e patrocínios. 

Sensação de poder: ao ver que suas reivindicações estão sendo atingidas e o cancelado está sendo punido, o cancelador sente uma sensação de prazer e satisfação, achando-se o justiceiro achando que pode punir todo aquele que não se porta com o que ele acha certo.

Falta de empatia: cego e tomado pela vontade de julgar tudo o que acha errado, o cancelador pode não ter mais o senso de compreensão e de entender o lado do outro, querendo apenas julgar e punir o próximo por ter uma atitude errada ou diferente da visão do “certo” para a maior parte da sociedade. 

Todo cuidado e atenção para esse tipo de situação é pouco, a cultura do cancelamento virtual tem tomado cada vez mais proporções absurdas e incontroláveis.


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Cancelamento virtual: como essa atitude pode afetar a saúde mental

Gabriela Pugliese, Mc Gui, JK Rowling, Paola Carosella... O que eles têm em comum? Todos foram cancelados alguma vez pela internet

Raphaella Leandro

Fonte: uol.com.br/vivabem

Em: 17.08.20

A pauta nunca esteve tão em alta quando o assunto é boicotar determinada pessoa por ela ter sido mal interpretada ou feito ou dito algo ruim diante das redes sociais. E isso não acontece apenas com famosos: pessoas anônimas também podem ter a vida prejudicada devido ao cancelamento. Basta alguém apertar o botão publicar, esperar alguns segundos e a vida de outra pessoa poderá ser comprometida por meses e até anos.

A cultura do cancelamento, principalmente na internet, tem a ver com a intolerância e a incapacidade de lidar com o diverso e de ser confrontado. "A pessoa avalia, julga e critica diante de um contexto isolado e, a partir daí, cria-se uma imagem completa daquele episódio", explica Stanley Rodrigues, psicólogo da BP - A Beneficiência Portuguesa de São Paulo.


Ilustração sobre a cultura do cancelamento
Imagem: noticias.adventistas.org


"Passada de pano"?

 Diante do debate, há quem defenda que pessoas que postem coisas consideradas erradas mereçam, sim, ser canceladas e nunca mais voltarem a ter espaço na internet. Mas será que cabe a nós esse tipo de juízo? A resposta é não. Claro que se uma pessoa fizer uma postagem ofensiva com cunho racista, por exemplo, não devemos achar que é normal ou que está tudo bem, mas cabe à justiça fazer o papel dela. "A discussão jurídica nas mídias sociais ainda é muito recente. Por isso muitas vezes não dá tempo de acompanhar determinado fato, ocorre tudo muito rápido", reforça Rodrigo Martins Leite, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo). Mas, segundo o especialista, deve-se criar e pensar em políticas públicas eficientes sobre o tema. Posts ofensivos podem ser denunciados para as próprias plataformas, além de delegacias que cuidam de crimes digitais. "Quem nunca errou, que fale algo. Não devemos fazer justiça com as próprias mãos, nem sair propagando o ódio por aí", afirma Rodrigues. Além disso, é saudável debater e problematizar o que as pessoas dizem: mas por que não lhes dar uma chance de aprender com esse erro, antes de boicotá-las online

Debate x linchamento social

Segundo os especialistas, a palavra diante de tudo isso é reflexão. Será que vale a expor determinada pessoa para obter uma sensação de prazer ou sentimento de justiceiro ou de dever cumprido? "Esses cancelamentos são com figuras tão distantes, então que pelo menos sirva de uma reflexão para si, se colocar no lugar do outro para determinadas situações", reforça Ana Suy Sesarino Kuss, psicóloga e professora do curso de Psicologia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). 

O que tem acontecido frequentemente vai além do debate, se tornou um linchamento virtual e até uma espécie de cyberbullying nas redes sociais. Não é porque a pessoa é famosa, que dá direito a ser massacrada, sofrer xingamentos e julgamentos alheios. Rodrigues reforça que esse tipo atitude não tem a ver somente com a divergência de opiniões, mas sim com a violência e agressão verbal no mundo virtual. "Tem pessoa que se intitula hater, que está ali justamente para provocar, causar situações polêmicas. Ela alcança milhares de pessoas e se favorece diante de algo negativo", afirma. 

Foi o caso da influencer Alinne Araújo, que foi abandonada pelo noivo um dia antes do casamento e, para não perder a festa, resolveu se casar com ela mesma. Resultado: haters e alguns seguidores não a perdoaram e disseram que ela queria se promover, chamar atenção. Os ataques foram diversos e, depois de alguns dias, ela cometeu suicídio. 


Influencer Alinne Araújo no dia de seu casamento
Imagem: leianoticias.com.br

Um outro caso recente ocorreu nos Estado Unidos, onde um homem foi "cancelado" e acusado de fazer um sinal usado por supremacistas brancos. Ele não teve muito tempo para se defender ou tentar entender aquela situação. Uma pessoa jogou o nome da empresa dele nas redes, o que fez com que o americano perdesse o emprego e fosse ignorado pelos antigos chefes. No final foi comprovado que ele só estava estalando os dedos e o que o sinal era muito semelhante ao de "ok". Hoje, ele faz acompanhamento constante com psicólogos e não tem uma vida normal.

"Virou uma guerra virtual", afirma Leite. O especialista reforça que o melhor nesses casos, é conscientizar. "Se for uma pessoa próxima tente mostrar que o que ela fez não foi legal, não foi benéfico, soou errado. Se for uma pessoa pública, não precisa ficar repostando tudo que ela fez de errado", reforça.

Saúde mental abalada

Os constantes xingamentos e exposições típicos da cultura do cancelamento podem gerar problemas físicos e principalmente emocionais. Há pessoas que terão marcas pelo resto da vida e dificilmente terão uma rotina normal. O que acontece muitas vezes é uma reclusão, tristeza, ansiedade e até depressão. "A pessoa pode até perceber que errou e reconhecer isso, mas nunca mais será a mesma e terá que sempre se policiar em relações às suas atitudes, gerando ainda mais sintomas de ansiedade", afirma Rodrigues.

Ilustração referente a saúde mental
Imagem: santosbancarios.com.br

Nesses casos, será necessário um acompanhamento com médicos e psicólogos que vão estabelecer um melhor caminho e tratamento para cada indivíduo. Para algumas pessoas, o tratamento terá que ser à base de remédios, além de consultas periódicas com psicoterapeutas. Já em situações extremas, a volta para a rede social pode ser quase impossível.


Cancelamento na web é a nova moda do momento

Especialista afirma que os danos causados às pessoas públicas são de difícil ou impossível reparação

Raphaella Leandro

Fonte: odia.ig.com.br

Em: 01.03.21

Com o crescimento do alcance da internet, o sucesso dos reality shows e o advento das redes sociais, que são muitas, uma nova moda chegou: a do cancelamento virtual. Artistas, celebridades e qualquer pessoa pública são julgados por seus atos e acabam perdendo seguidores, contratos, trabalhos e dinheiro.

"Toda pessoa pública está mais suscetível a ataques em redes sociais, não só devido ao fato de o agressor poder projetar um maior número de seguidores a seu favor por capitanear esses ataques, mas também pelo grau de exposição que gera tamanha curiosidade aos demais cidadãos. O movimento de cancelamento é sempre um julgamento sem regras, baseado em opiniões iniciais e singulares. No cancelamento virtual, um tribunal é montado, sem que haja a incidência de princípios básicos garantistas que estão assegurados no nosso Estado Democrático de Direito", explica o advogado e presidente da comissão de liberdade de expressão da Associação Nacional da Advocacia Criminal (ANACRIM-RJ), José Estevam Macedo Lima, morador da Barra da Tijuca.

Segundo o especialista, entre os direitos não respeitados pelos "juízes" da internet estão: ampla defesa, o contraditório, a presunção de inocência e o devido processo legal. Por isso, não asseguram um julgamento imparcial e justo, sendo abominável em nosso ordenamento jurídico. 


Banner ilustrativo sobre cancelamento na internet
Imagem: agendartecultura.com.br

"Opiniões, críticas, conselhos, divulgação de fatos e fofocas não podem ser considerados escudo para atingir diretamente a honra objetiva ou subjetiva de uma pessoa, seja ela pública ou não. Qualquer ato que venha atingir a honra está suscetível de responsabilidade criminal e cível, ou seja, se sua opinião divulgada em uma rede social violar a imagem, a vida privada, a honra ou a dignidade de outrem, esse ato está suscetível de responsabilização civil, devendo o ofensor ser condenado ao pagamento de indenização, à título de dano moral, dano material ou lucros cessantes", afirma ele.

"Um exemplo que pode ser dado é: caso um jogador de futebol tenha seu contrato rescindido por um clube ou tenha um contrato de uma campanha publicitária prejudicado pelo movimento de cancelamento na internet, as pessoas que participaram desse movimento estão sujeitas, além da responsabilidade criminal, à responsabilização civil com uma possível condenação de um pagamento de indenização como forma de ressarcimento de danos materiais, lucros cessantes e dano moral. Por isso, o jogador de futebol, tal como o artista, necessita de um controle maior em suas redes sociais, para evitar ataques de terceiros", completa o advogado.

Lima afirma, ainda, que os danos causados por esse tipo de comportamento na web são de difícil ou impossível reparação, devendo ser imediatamente repelidos pelas autoridades públicas, através da concessão de medidas de urgência, em caráter liminar, seja na esfera cível como na criminal. "O movimento do cancelamento de pessoas públicas deve ser repudiado e extirpado do mundo virtual, devendo ser considerado como prática abusiva e cruel", finaliza ele.

Vencedora da 12ª edição do reality A Fazenda, a cantora Jojo Todynho, moradora da Taquara, na zona oeste do Rio, também não concorda com o cancelamento virtual.

"Vivemos num mundo onde todos têm direito de opinar sobre qualquer assunto, mas temos que saber respeitar o próximo. Quando alguém tem uma atitude que eu não concordo, eu me afasto, dou 'unfollow' (deixar de seguir), mantenho distância, mas não acho legal ficar propagando ódio pela pessoa. Tudo que acontece na nossa vida respinga em quem está por trás, como família, amigos e essas pessoas acabam sofrendo com as consequências desses ataques. Eu não ligo para o que as pessoas estão falando, mas tenho consciência de quem está a minha volta", declara.

Recentemente, dois participantes do BBB21, a cantora Karol Conká e o comediante Nego Di, foram cancelados pelos fãs do programa, após comportamentos dentro da casa considerados errados.


Nego Di; comediante e ex participante do BBB 21
Imagem: otempo.com.br

Karol Conká; cantora, apresentadora e ex participante do BBB 21
Imagemotempo.com.br

"O caso do Nego Di, por exemplo, teve os erros no programa, mas desde o momento que começam atacar a família dele, eu não concordo. O erro foi dele e ele que precisa entender onde falhou e procurar mudar, a família não tem nada a ver com isso. Mas isso acontece muito porque muitas pessoas públicas mostram ser uma coisa que não são e julgam outras pessoas", analisa a funkeira.


Karol Conká volta às redes sociais após eliminação do ‘BBB21’: ‘’Precisava cuidar de mim’’

 Embora as celebridades estejam mais sujeitas a serem canceladas, pessoas comuns não estão blindadas; saiba como lidar com o fenômeno que po...